Exatamente às 3:00 h os alarmes de
nossos celulares tocaram e alguém bateu à porta do nosso quarto, avisando-nos
da hora. Mudamos a roupa e descemos, onde um café fresco, leite e água quente,
além de 2 copos de suco de maracujá, pão, manteiga e geleia, nos aguardavam.
Quando acabamos pegamos nosso lanche na geladeira, subimos para pegar as
mochilas com algumas roupas de frio e descemos para a sala de espera, até que,
pontualmente, a van chegou para nos
pegar. Fomos os primeiros a embarcar e depois, em outros hotéis, mais 8 pessoas
subiram a bordo.
Quando começou a viagem,
propriamente dita, um senhor oriental, que estava com sua esposa e sentados
logo a nossa frente, falou algo com ela, em sua língua, indecifrável para nós,
e ela entregou-lhe uma lata com oxigênio: ele estava com falta de ar
(pensei com meus botões: “imagina ele, então, em Macchu Pichu!”). Durante o trajeto, que durou mais ou menos 1:20 h
ele usou o spray várias vezes!
estação de Ollantaytambo |
Chegamos a Ollantaytambo e
a primeira coisa que fizemos, depois de orientados pelo pessoal da estação onde
e qual trem pegaríamos, nos dirigimos à sala de espera, onde degustamos alguns
dos sanduiches que havíamos levado. Há uma cafeteria no interior e pedi um espresso. Havia, ainda, um cantor
indígena, tocando uma flauta andina e vendendo seus CD’s.
Existem 2 tipos de trem: o “de
luxo”, com
poltronas altas e teto de vidro, e o “dos mochileiros”, mais simples
e barato, mas muito confortável, o qual iríamos tomar. Quando nos dirigíamos
para ele, uma voz no trem “de luxo”, gritou: “ô, rapaz! ô, rapaz!”. Não dei
atenção e a voz surgiu de novo: “ô, rapaz! ô, rapaz!”. Dei meia volta, para ver
se era comigo, e era: um conhecido de Vitória, Engº Eduardo Prata, que se
aposentou recentemente e está fazendo uma viagem de 3 anos mundo afora, estava
lá, me reconheceu e me chamou! Cumprimentei-o e combinamos de nos encontrar “lá
em cima!”, pois o trem em que ele estava sairia antes do nosso. Infelizmente
não foi possível estar com ele, já que havia muita gente “lá em cima” e não o
vi novamente...
trem dos mochileiros |
Rio Urubamba |
Na hora combinada embarcamos e
ocupamos nossos lugares, previamente marcados. A lotação estava completa e
partimos. As paisagens durante o trecho percorrido são interessantes, mas não
deslumbrantes. O comboio, formado por um vagão propulsor e outros 2 só para
passageiros, segue seu caminho ladeado por um rio, o Urubamba, encachoeirado, cujas águas correm rápido. Em alguns
pontos vemos culturas agrícolas, principalmente milho e batata. Meia hora após
partirmos vem o “serviço de bordo”, já incluído: são servidos um copo de suco, ou
café preto ou com leite ou chá, acompanhados por uma pastilha de chocolate e um
pacotinho de frutas secas salgadas. Sentados à nossa volta 7 franceses e um
“local”, que deveria ser o guia e que falava francês fluentemente. A senhora
francesa, sentada em frente de Mary, bem que tentou puxar conversa mas, como
nossa fluência nesta língua não é das melhores, ficou difícil. O marido dela
falava inglês e poderia ter facilitado as coisas, porém seu mau humor
impediu...
entrada do Parque |
Chegando a Águas Calientes, desembarcamos e logo um guia chamou, pelos nomes,
aqueles passageiros que faziam parte de sua excursão, como haviam nos
orientado. Quando todos chegaram (havia mais um casal brasileiro, de Campos dos Goytacazes, RJ), juntamo-nos e seguimos até onde se toma os micro-ônibus (os tickets, para a subida e para a descida,
são entregues pelo guia) que nos levam até a “cidade inca sagrada”. São mais 30
minutos de subida por uma estradinha de terra, muito sinuosa e que, acho, só
circulam estes veículos, que pertencem a uma só empresa sob regime de concessão,
segundo me informaram. Então, enfim, chegamos na entrada do “Parque Nacional de Macchu Pichu”, onde
outro guia, a partir de agora, nos acompanharia e nos contaria um pouco da
história deste povo, que deixou este legado, mas que, infelizmente, foi dizimado
pelos espanhóis, quando invadiram suas terras para saquear e enviar para a
Espanha ouro e prata. Muito interessante é um carimbo, disponibilizado a título
de fazer um agrado, que você pode utilizar para deixar em seu passaporte o
registro da ida lá!
Uma forma diferente de se chegar ao Parque é caminhando por uma trilha dentro da floresta, que percorre o trecho em 4 dias e 3 noites, estas passadas acampando-se em locais previamente determinados e, lógico, acompanhado por um guia especializado. E chega-se a alcançar a altitude de 4.000 m! Mas esta já é outra história e não é a minha "praia"...
Nosso guia se chamava Severino (?!) e era descendente dos
indígenas, podia-se ver por seus traços fisionômicos característicos daquele
povo, tinha uns 50 anos de idade e sabia “TUDO”! Contou-nos diversas histórias,
respondeu várias perguntas e ilustrou, com muita riqueza de detalhes, a visita
e o passeio que fizemos. Para mim foi ótimo ter um guia com mais idade, pois
seu ritmo era calmo e eu o acompanhei de perto, aproveitando para conversar
sobre sua vida e sobre a profissão de guia!
Macchu Pichu |
A visita guiada dura, aproximadamente,
2 horas e, ao final, cada um tem seu tempo livre para andar mais por onde lhe
aprouver... Só tem-se que tomar cuidado para não perder o horário do trem de
retorno, pois, como eles estão sempre cheios, é difícil ser reacomodado em
outro horário! Assim fizemos: nosso trem partiria às 14:30 h, teríamos que
pegar um micro-ônibus no mais tardar às 13:30 h e resolvemos que às 13:00 h já
estaríamos a postos para descer.
Retornamos à entrada do Parque, onde
há uma infraestrutura com banheiros, mesas e bancos onde se pode fazer um
lanche, lanchonete, restaurante e um hotel chiquérrimo e carésimo, o Belmond Sanctuary Lodge Macchu Pichu,
que está sempre lotado de, principalmente, americanos e europeus “não
mochileiros”! Então, sentamo-nos nos banquinhos em frente a um balcão comprido
e saboreamos os demais sanduíches que restaram da primeira
investida neles, o
chá e os sucos. Satisfeitos, pegamos um micro-ônibus e retornamos a Águas Calientes. O lugarejo dispõe de
muitos restaurantes, pizzarias, cafeterias e lojinhas vendendo artesanatos e souvenires. Demos uma caminhada para
conhecê-lo e, a seguir, fomos para a sala de espera da estação ferroviária. Lá
o casal de Campos apareceu e ficamos conversando até anunciarem nosso trem.
Embarcamos e seguimos de volta, desta vez cercados por dois casais que nos
pareceram espanhóis ou algo que o valha e que não fizeram nenhum esforço para
se comunicarem conosco. Nem nós com eles! Só no meio da viagem que o rapaz me
ajudou a abrir a janela do vagão, pois fazia calor e, quando chegamos, ele
pegou minha caneta que havia caído no chão e me entregou.
Águas Calientes |
Na estação de Ollantaytambo
um senhor aguardava vários passageiros para levar para Cusco em sua van,
portando uma plaquinha com os nomes. Pediu-nos que aguardássemos um pouco já
que outras pessoas se juntariam a nós. Aguardamos uns 15 minutos até que ele nos
levou até o estacionamento, abriu a porta do seu veículo e sugeriu que
deixássemos as mochilas e casaco em cima do banco, até que mais alguns
passageiros aparecessem. Esperamos mais 20 minutos e finalmente partimos. Não
gostamos nada de ficar este tempo todo à toa, esperando que ele preenchesse as
poltronas vazias de sua van para
partir...
Chegando em Cusco,
depois de 1:30 h de viagem, ele parou próximo à Plaza de San Blas dizendo que era o fim da linha e que era para
todos descerem! Ficamos indignados, assim como outro casal peruano, pois o
contratado foi ele deixar-nos no hotel! Reclamamos, fomos até a agência de
turismo onde o outro casal havia comprado seu “pacote”, mas nada se resolveu.
Fotografamos a van, sua logomarca e
sua placa e fomos caminhando até a Plaza
de Armas, onde avistamos um carro da “Polícia
de Turismo”. Explicamos o caso aos policiais que estavam nele, quando nos
orientaram a fazer uma queixa na “Oficina
de Turismo”, que ficava em frente aonde eles estavam estacionados. Lá
dentro a atendente pediu desculpas, mas, naquele horário, o sistema já estava
desligado e, se pudéssemos voltar no dia seguinte pela manhã, ela estaria lá e
nos ajudaria a elaborar a tal queixa formal.
Agradecemos e fomos procurar o restaurante “Marcelo Batata”, onde havíamos planejado jantar. O restaurante é intimista,
aconchegante e a garçonete que nos atendeu foi muito simpática. Pedimos, como entrada, umas batatinhas laminadas e fritas, acompanhadas por um molho preparado com uma erva local cujo nome não me lembro, de coloração esverdeada e um sabor agradável e diferente! Mary pediu, como prato principal,
“lomo de alpaca com quinoa, salsa de frutas
rojas e cogumelos selvagens” (um bife alto de carne de alpaca, que é
parente da lhama, acompanhado com 2 pequenas porções de quinua, uma com queijo
e outra com beterraba, purê de batatas e um molho preparado com frutas
vermelhas) e eu “anticucho de alpaca con papas doradas y salsa de maiz morado” (um espetinho de cubos de carne de alpaca grelhados sobre
uma “cama” de batatas dorée e um
molho cremoso preparado com um tipo de milho, vermelho). Bebemos um vinho peruano “Tabernero” Reserva, produzido com as
uvas malbec e merlot. Encerramos pedindo a conta: 150 soles, incluindo a
gorjeta.
lomo de alpaca |
anticucho de alpaca |
E voltamos para a pousada,
caminhando para ajudar a fazer a digestão. Subimos para o quarto, tomamos banho
e fomos dormir.
Olá Mario, adorei o blog!!! Deu vontade de ir lá, mas já deu para viajar daqui mesmo.
ResponderExcluirParabéns pela viajem e pelo Blog, continue viajando e nos brindando com estas belas imagem e relatos.
Abraços.
Valeu, Cláudia! Pode deixar que viajarei muitas outras vezes mais! Abraço,
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